quinta-feira, 8 de abril de 2010

Bilhetes




Passei os últimos cinco anos da minha vida procurando o assassino da minha amada, tentando descobrir quem foi a pessoa capaz de cometer crime tão hediondo. Finalmente recebi a carta que talvez desvendasse todo esse mistério. A coragem não me deixava abrir o frágil envelope, o medo da minha reação ao saber quem a tinha matado me fazia recuar. Mas a minha curiosidade falou mais alto e eu o abri. Nele tinha escrito em uma letra que me era um pouco familiar:

“Caro John, soube da sua busca pelo assassino da Srta. Elizabeth Adams e resolvi revelar o que eu vi na noite do assassinato. Quem matou a Srta. foi ninguém menos que seu amigo Arthur.” Anônimo.

Aquilo me deixou perturbado: meu melhor amigo havia matado Liz, e a testemunha disto tinha uma letra delicada que me parecia familiar. De quem seria? Um parente? Talvez uma amiga? Eu apenas tinha certeza de que pertencia a uma mulher.

Fui dormir com essa dúvida. E isso resultou num sonho estranho. Uma lembrança. Um piquenique. Eu estava um pouco desconfortável, não me lembrava da última vez que havia saído com alguém. Ela era uma desconhecida, eu não sabia como agir. Sou bom com a escrita, mas nunca fui de falar muito.

Liz era meu oposto, ela fala como se nos conhecêssemos há anos. Em um momento inesperado, ela deu um salto e anunciou que teve uma idéia. Ela já sabia que eu era escritor, mas mesmo assim perguntou, se eu era bom com as palavras (escritas claro), eu apenas concordei balançando a cabeça. O sorriso dela iluminou-se mais ainda, parecia aquele sorriso que, vindo de uma pessoa má, pode significar uma bomba atômica. De principio, me assustei um pouco. Liz disse que, como eu sou muito tímido, a partir de hoje nós íamos nos falar por bilhetes durante uma semana, para podermos nos conhecer melhor.

O primeiro bilhete dizia: Gostei disso!

Acordei-me bruscamente, voltei à dura realidade da minha vida.

O sonho iluminou minha memória, a letra da carta só podia ser da Liz.

Eu estou ficando louco! Eu mesmo vi o enterro dela!

- Elizabeth? – falei para o nada como se fosse um lunático.

- John? – era a Liz, não ela mesma, estava mais para fantasma ou alma. – Acalme-se. Eu escrevi a carta para te ajudar.

- Como?

- Eu queria que você parasse de perseguir meu assassino e vivesse.

- Não poderia viver sem você.

- Eu também, por isso fiquei esses últimos anos ao seu lado, muitas vezes te protegendo. Aliás, você tem que fugir. Arthur esta vindo para cá.

- Porque ele te matou?

- Foi apenas questão do acaso, ele ia te matar e eu simplesmente estava no lugar errado e na hora errada.

Já fazia muito tempo que eu não valorizava a vida, só tinha uma coisa a fazer, deixar que Arthur me encontrasse, só assim poderia ficar com Liz...

A morte não é um castigo, a morte só é uma porta para uma vida diferente.

By: Lê

Um comentário:

  1. EU SABIA! EU SABIA QUE ERA ELA ESCREVENDO OS BILHETES! MUAHAHAHA boy, sou um gênio! (H)E hehe, esse lance da morte - fazer que nem os entregadores de phineas e ferb - vc nao é muito jovem pra ter uma idéia tao complexa com relação a morte?

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