segunda-feira, 29 de março de 2010
Cemetery Drive
AÊ! Minha primeira fic postada aqui no blog!
Cemetery Drive
Capítulo único:
Os valentões me empurraram para dentro de uma sala vazia no 2º andar. As cadeiras e mesas estavam todas reviradas perto das paredes, fazendo aquela sala parecer mais um ring de luta livre, com espaço suficiente para três brutamontes – que com certeza sofreram mutações genéticas – baterem no pobre nanico aqui.
Acho que eu estava com uma cara de quem queria vomitar, pois eles começaram a rir e a apontar para mim estupidamente. Idiotas.
– E aí, nanico? – perguntou o brutamonte com mais massa muscular. Ele sentou-se em uma das mesas encostadas na parede onde fica porta e, não sei como, ficou com uma cara de mais idiota ainda. – Está pronto para apanhar?
Não respondi. Eu estava paralisado, não conseguia ter reação alguma. Acho que desta vez, quando eles terminarem de me bater, vão precisar me levar para o hospital da cidade, e não só para a enfermaria da escola.
Outro dos brutamontes – com menos massa muscular que o estúpido sentado em cima da mesa – se aproximou de mim.
– Ficou sem fala? – ele perguntou.
– N-não – consegui falar.
– E-ele consegue f-falar – Riu com os amigos.
O terceiro, que ainda não tinha falado uma palavra desde que eles me pegaram na cantina e me arrastaram para essa sala, parou de rir subitamente. Foi andando devagar até a porta e abriu-a lenta e cuidadosamente. Colocou a cabeça rapidamente para fora e quando fechou a porta estava com uma cara de quem queria pular pela janela, com os olhos arregalados e a respiração descompensada.
– Estamos ferrados. – ele disse olhando para os amigos.
– O que? – perguntou o que estava sentando em cima da mesa. – Por quê?
– O Inspetor está vindo.
Quando ele disse aquilo uma onda de alívio me invadiu. Eu talvez conseguisse sair ileso hoje. Mas, pensando bem, talvez eu não consiga e a situação pode se tornar pior em outro momento. Em uma das vezes que eles resolveram bater em mim e o inspetor interrompeu, eles acabaram indo para a detenção e quase foram suspensos, mas no outro dia eles se vingaram e me bateram cinco vezes mais forte do que o normal. É isso que dá ser nanico e fraco: acaba tendo que sofrer com essa mania dos adolescentes mais fortes de se acharem no direito de bater e tirar sarro dos outros só porque são dotados de mais massa muscular. Ridículo.
O brutamonte que me perguntou se eu estava sem fala pegou a mochila que havia deixado perto da porta e tirou dois livros de dentro. Os outros dois fizeram o mesmo.
– Pegue e finja que está estudando. – ordenou o que havia visto o inspetor, me entregando o livro todo acabado dele de física.
Balancei a cabeça em concordância e peguei o livro. Eu não queria nem pensar no que eles iriam fazer se eu dissesse que não.
A porta se abriu com um estrondo e o inspetor adentrou a sala, com seus músculos assustadores e sua expressão de que acabara de sair da cadeia e queria se vingar de quem o colocou lá dentro. Continuei olhando para o livro, fingindo que estava tão concentrado nos estudos que nem prestei atenção quando ele entrou. Meu primeiro erro fatal.
– Nanico, levanta! – ordenou o inspetor, com sua voz de autoridade máxima do corredor.
Ele me agarrou pela gola da camiseta e me levantou a força. Por um segundo achei que ele ia me atirar na parede.
– Tá fazendo o que aqui? – ele perguntou.
– Estudando. – eu disse como se fosse óbvio. Meu segundo erro fatal.
– Não fale com esse tom insolente comigo, moleque. – ele cuspiu na minha cara e me sacudiu, fazendo minhas pernas irem para lá e para cá e meu cérebro chacoalhar dentro do meu crânio.
– Desculpa.
Ele me jogou no chão, como se eu fosse um saco de cimento. Caí por cima do meu braço, o que fez ele doer muito. Percebi que os idiotas brutamontes prenderam uma risada, o que fez com que o inspetor voltasse sua atenção para eles. A primeira boa ação dele, mesmo que feita inconscientemente. O inspetor olhou feio para eles e depois para mim. Anunciou para todos:
– Fiquem quietos, ou eu mesmo irei dar uma lição em vocês. – E saiu com aquela postura de poderoso chefão do corredor, fechando a porta com uma força desnecessária.
Os brutamontes olharam enfurecidos para mim. Nesse momento percebi que tinha apenas poucos minutos de vida.
– Espera! – pedi andando para trás. – Não faz sentido vocês me bateram aqui.
– E por que não? – o brutamonte com mais massa muscular estralou os dedos, já se preparando para me dar um soco que vai ficar para a História.
– Sabe, se vocês me baterem aqui eu com certeza vou acabar gritando de tanta dor, e o inspetor vai aparecer aqui e me encontrar sangrando no chão, e vai culpar vocês por isso. Então não seria muito mais simples vocês me levarem para outro lugar para me bater?
Claro que não falei aquilo com o intuito de eles me baterem em outro lugar. Eu provavelmente iria dar um jeito de fugir enquanto eles me levassem para outro lugar. Simples assim.
Mas como todo plano infalível tem que dar errado, o meu deu. O brutamonte com mais massa muscular e o com menos ficaram me vigiando o tempo inteiro até chegarmos ao cemitério que tinha perto da escola. Ok, tenho que admitir que eles pelo menos sabem escolher lugares pouco freqüentados para bater nas pessoas.
Nesse movimento todo de perseguição pela cantina, ida até uma sala vazia, fingimento de estar estudando e tal, anoiteceu, e o cemitério estava muito sinistro. Eu não tenho medo de lugares escuros nem nada, mas imagine um cemitério onde o vento bate forte em umas árvores sem folhas e faz barulhos estranhos? É traumatizante para uma criança e um tanto perturbador para um adolescente que preferia estar em casa lendo sobre coisas sinistras e não as vivenciando.
O brutamonte intermediário pegou meu braço e me empurrou no chão, fazendo minha cabeça quase bater numa lápide. Ele se ajoelhou perto de mim.
– Sabe por que a gente bate em você? Porque você é um inútil. Fracote.– ele disse levantando a mão já para me dar um belo soco no olho, mas por incrível que pareça isso não aconteceu.
Uma luz prateada passou do lado do brutamonte, mas não vi de onde ela saiu. Olhei mais ou menos na direção em que ela poderia ter saído e outra luz prateada foi lançada, mas ela saiu do nada! Do nada mesmo! Saiu do ar!
A segunda luz prateada não atingiu nenhum dos brutamontes, mas os deixou muito confusos. Aliás, quem é que não ficaria confuso vendo luzes prateadas saírem do nada num cemitério?!
– Abby, deixa de ser sem mira! – uma voz reclamou de onde estava vindo as luzes.
Estou ficando louco! Socorro! Estou ouvindo vozes!
– Eu estou tentando, não me pressione! – uma vez feminina desta vez falou vindo do mesmo lugar.
Outra luz prateada.
– Argh, sai da frente, Abby!
Um homem de cabelos negros surgiu segurando um secador de cabelo rosa apontado para um dos brutamontes. Ligou ele e uma luz branca começou a sair pela boca do brutamonte que estava do meu lado.
– Argh, Gerard, prefiro mil vezes do meu jeito. – uma garota de cabelos loiros e chapéu pontudo roxo reclamou, aparecendo do lado do tal Gerard.
– Abby, se eu fosse esperar um milagre, que seria você ter mira o suficiente para acertar pelo menos esse aqui – ele apontou para o brutamonte que agora estava caído do meu lado. –, íamos passar pelo menos os próximos mil anos esperando.
Os outros dois brutamontes – burros como sempre – em vez de saírem correndo, avançaram para cima de Gerard e Abby, tentando acertar eles com socos e pontapés.
Gerard apontou para um deles e ligou o secador novamente. Aconteceu o mesmo que aconteceu com o primeiro, e o terceiro brutamonte teve o mesmo destino.
– Eu poderia muito bem ter dado um jeito neles! – insistiu Abby, com os braços cruzados.
– Poderia não. – Gerard disse vindo em minha direção.
Rastejei rapidamente para trás, com medo que ele também apontasse aquele secador ligado na minha direção. Bati minha cabeça numa lápide.
– Ai. – reclamei, massageando o local afetado.
– Bem, eu vou dar um jeito de me livrar desses corpos. – Abby anunciou, apontando sua varinha para os brutamontes e fazendo-os levitarem.
Eu olhava atônito para tudo aquilo, sem entender absolutamente nada. Gerard pareceu notar isso.
– Calma, eu sei que ela é estranha, mas não é pra tanto. – ele me ajudou a levantar e me ajudou a sentar em cima de uma lápide.
Respirei fundo.
– O que você é?
– Eu sou o Guardião Das Almas Que Não Merecem Ocupar O Planeta Com Suas Inúteis Existências. – ele disse colocando o secador cor-de-rosa sobre o ombro, em uma pose orgulhosa.
– Isso é... – pensei bem na palavra. – estranho.
– É o que todos dizem. Mas você até que reagiu bem. Alguns saem correndo e gritando, e acabam em um hospício ou algo parecido. – ele sentou-se em uma lápide ao lado da minha.
Olhei bem para seu rosto. Sua pele era extremamente pálida, e seus olhos eram de um verde muito bonito. Ele me lembrava um garoto da minha sala de física que fazia par comigo de vez em quando.
– Então é isso que você faz? Você suga as almas das pessoas? – perguntei, para quebrar aquele silêncio chato.
– É, e elas ficam guardadas aqui no secador.
– Interessante.
– Qual é o seu nome?
– Frank.
– Frank, você quer ver um lugar muito legal? – ele perguntou, seus olhos com um brilho indecifrável.
Aceitei, e o lugar em que ele me levou era realmente muito legal. Ele havia me levado a um ferro-velho, que ficava do lado do cemitério. Ficamos mais ou menos uma hora, rodando por ele, procurando um carro em boas condições que desse para nós dois ficarmos dentro dele. Quando achamos um perfeito, ficamos girando a direção estragada do carro e fazendo barulhos estranhos como se estivéssemos em uma corrida. Parecíamos duas crianças de seis anos brincando no carro do pai, e o mais estranho disso é que eu havia acabado de conhecê-lo.
– Sabe, eu geralmente não faço isso. – eu disse, quando tínhamos terminado de brincar de corrida e estávamos apenas conversando.
– O que?
– Me divertir.
– Por que você não se diverte? – ele perguntou, parecendo extremamente curioso.
– Eu não sei. Geralmente eu passo a maior parte do tempo lendo, e nunca falo com ninguém na escola. Sinto que eles não me aceitam.
Ele aproximou-se bastante de mim. Agora estava muito perto. Eu nunca havia ficado nessa distancia com ninguém e não sabia exatamente o que fazer.
Percebendo a confusão que se passava em minha mente, Gerard colou nossos lábios, num beijo que eu decidi nunca apagar da minha mente.
Quando ele separou-se de mim, olhou bem nos meus olhos.
– Frank, você pode ser aceito aqui se quiser. É só falarmos com O Transformador, ele pode te transformar em algum ser da noite, e você pode ter uma vida melhor.
Pensei bem no assunto. Ser aceito por alguém era algo que eu realmente queria.
– Você está falando sério?
– Sim.
Não sei como, mas tomei essa decisão sem hesitar:
– Tudo bem.
Gerard abriu a porta do carro e me arrastou de volta para o cemitério. Agora eu estava indo em direção a uma nova vida, onde poderia fazer parte da escuridão do mundo.
By: Jubbs
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BOOOOOOOOOOOOOOOOOOOY! Essa fic é, sinceramente, muito boa. Nao, nao estou sendo puxa-saco. Da primeira vez que li, senti exatamente o que o personagem principal sentia, da segunda ri tanto com parte que o Gerard e a outra aparecem que minha mãe veio correndo saber se eu tava bem, da terceira, gritei pelo menos umas dez vezes "GERARD PEGA EU", da quarta me derriti todinha " ELES SAO MUITO FOFOS JUNTOS", na quinta cheguei a conclusao: Gerard e Frank são tão BONS que até homi pega. (6)
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